quinta-feira, dezembro 23, 2004

Anónimos, Incógnitos, Analfabetos e Confusos

Olá e Boas Festas,

A época das Festas esta aí, tempo para reflectirmos e convivermos na companhia dos nossos familiares e amigos. Se soubermos quem são ...

Sempre existiu e sempre existirá: O Anonimato que muitas vezes nos pesa na nossa relação com a sociedade tem a sua extensão natural na Comunidade Virtual. Um dos meus ódios de estimação é estar a tentar comunicar com alguem que nao conheço e que não se identifica. Se passarmos a vista pelos principais Fóruns e Mailing Lists Portugueses observamos uma quantidade de Posts vindos de personagens como "elf", "B52", "Barbas" e afins (apenas exemplos) sem que as pessoas se identifiquem e assinem com o nome que os destinga em qualquer outro local na sua vida pessoal ou profissional.

Tambem eu venho dos tempos do MIRC e dos usergroups, das Dalnets, onde os Nicks eram famosos e protegiam os detentores de atitudes e reacções desadequadas. Tambem utilizei o nome de guerra quando jogava Diablo ou X-Wing vs Tie Fighter. Mas toda a gente sabia o meu nome verdadeiro; numa comunidade como a nossa, onde as pessoas se prezam pela união e entre-ajuda dos seus membros, onde não deveria haver clãs ou esquadrões, é exigível que se descarte essas mascara e se identifiquem. Compreendo que muitas vezes quem usa Nicks se esquece de que está a utilizar uma designação que um grupo restrito de outros amigos conhece apenas. Mas por favor, identifiquem-se - Nao custa criar uma Assinatura propria que pode ser colocada no final de cada post ou email. Recuso-me a responder a estes posts ou emails, não porque nao tenha para contribuir ou porque me considere superior, mas porque julgo ser uma falta de respeito dirigir-me em termos de "Tú" ou "Você" a alguém cujo nome desconheço - a minha educação nao me permite isso. Julgo ser muito mais enriquecedor ter uma conversa com o Manuel, a Maria ou o António. Duvido que tenham algo a esconder e simplifica a tarefa de descobrir e conviver com novos amigos. Continuem a utilizar callsigns e afins por ai no mundo virtual, mas sejam pessoas reais quando se dirigem a um grupo ou comentam um tópico, que afinal de contas é real!

O outro ódio que tenho é o dos posts e emails que recebo diáriamente, que me obrigam a ler o mesmo parágrafo 3 vezes antes de entender o que as pessoas querem dizer . Desde quando na Lingua Portuguesa a palavra "que" se escreve "ke", se abreviam palavras e se detorpe regras básicas de gramática para poupar 30 segundos? Meus amigos, POR FAVOR, já que o Acordo Ortográfico nos obriga a aceitar livros técnicos com barbaridades como Torque em vez de Momento de Torção, enquanto "customizamos" os nossos PCs e vemos a nossa "seleção" jogar na "Copa da Europa", não afundemos mais a nossa lingua ao tentar imitar os outros com as nossas "espertezas saloias" de pseudo-evolução.

Para terminar por este ano, vou deixar os meus três desejos para o FS Português em 2005: Primeiro, que as VAs e Organizações Virtuais Portuguesas em geral ofereçam um maior contributo ainda para a massificação deste hobby; Segundo, que a comunidade se venha a unir num grupo online com um ceu único, que maior beneficios irá trazer; Por último, melhores Produtos para o FS-Portugal atraves da divulgação de processos de treino e certificação, documentação e apoio para reduzir ainda mais a diferença entre o real e o Virtual.

Um bom Natal para Todos e até 2005!

Payware vs Freeware: Part II - As Cheap as it Gets?

No primeiro capítulo do meu blog sobre Add-ons, toquei nalguns pontos que eu julgo serem importantes para ajudar a entender o porque do actual estado de coisas no que concerne a proliferação de payware em comparação com a diminuição de freeware aceitável.

Não se enganem, continua a existir bom freeware por aí. Para dar alguns exemplos podemos nomear o Project Opensky, IFDG, PPP, FSInn e claro, o FSACARS. Porém, o número é cada vez mais reduzido e começará a ser impeditivo de tirar completo aproveitamento das potencialidades do Programa principal com base apenas em freeware. Chego á conclusão que o MS Flight Simulator é de facto um jogo e o que o torna mais ou menos simulador será o nível de add-ons que colocamos. E para que possamos fazer o upgrade jogo-simulador teremos que despender ainda mais dinheiro para podermos ter a representação realista de dinâmicas de voo e intregação de sistemas, condições climatéricas, aeroportos, etc.Sendo defensor do Freeware, vou por-me do outro lado agora e admitir que de facto o payware deverá ser o caminho a seguir. A pergunta seguinte surge: O Payware existente vale a pena? Cumpre com os objectivos propostos e satisfaz as expectativas do consumidor? Aumenta o Realismo da experiência ou serve apenas de "Eye-candy" e "Frame-Eater"? Em suma, será de facto merecedor do preço a pagar por ele?

Vou utilizar um exemplo para ilustrar a minha opinião: A 15GBP (€21.50) pelo pacote base mais 5GBP por livery, O PSS A319/20/21 é um producto tabelado razoavelmente (em termos de painel e modelo base). Parece ter sido vítima do sindroma "Bill Gates-Microsoft" - todos o criticam mas tambem todos o utilizam, talvez por não haver até á data outro melhor no mercado, o que atesta por si a sua quailidade. Vale pelo seu painel e integração de (alguns) sistemas modelados realisticamente. O trabalho desenvolvido aumenta a qualidade e realismo no que toca aos sistemas mas a dinâmica de voo do modelo e o modelo visual em sí estão ultrapassados. Isso é facilmente culmatado por freeware existente (casos do IFDG e dinâmicas do Project Airbus) - mas não deveria estar num pacote "a pagantes"?

Quando comparo o PSS A320 com o PMDG 737NG, o primeiro é mais barato, mais estável mas também é mais primitivo que o último. O MCDU A320 tem menor funcionalidade do que o FMC B737 mas é um produto certinho nos seus objectivos e certamente bastante aceitavel pelo preço, comparado com os €30 para a versão base do PMDG mais €21 para ter um avião completamente funcional, com a adição dos 737-800/900. Juntos, os 2 pacotes PMDG são o mesmo preço que eu paguei por uma cópia legal do MSFS! O preço do "upgrade" é exurbitante, pois não se trata de um producto novo e algumas da novas funcionalidades deveriam ter sido incluídas na versão original. Isto mais o facto que lhes levou 2 major patches para conseguirem minorar os problemas do FMC, estabilidade do produto e comportamento do modelo, levam-me a concluir que este add-on não vale o que se pagou por ele, a qualidade é excelente, mas muitas das funcionalidades supostamente inovadoras que traz já estavam presentes em freeware e payware anteriores e continua (para mim) a ser instável no FS.

O que quero dizer é que, para eu ter um simulador semi-realista (já que o realismo em parte se deve a aeronave) tive que gastar quase metade do que gastei no FS APENAS PARA UM AVIÃO. Isto para um jetliner - se fôr um Cessna, o FS tem um modelo globalmente aceite como sendo de boa qualidade.

Permitem-me uma solução no caso dos construtores de aeronaves para melhorar a relação preço-qualidade:

  1. Diminuirem o preço (para aumentar a base de consumidores);
  2. Conseguirem fazer as coisas bem à primeira (aumentando o grupo de beta testers e não sucumbir à tentação do ganho rápido para depois reparar erros com patches);
  3. Especializem-se em determinados campos - ou fazem jactos, ou turboprops ou GA ... agora tudo ao mesmo tempo não!

Voltemos ao Freeware. O avião so forma uma parte da experiência FS. Outras vertentes importantes são o cenário e o weather: Aqui temos 2 opções que eu chamo REALISM vs LANDSCAPE. A primeira defino como a capacidade de conseguir efectivamente criar as condições reais ao piloto para realizar os procedimentos correctos. A segunda posso descrever como uma mistura de arte e tecnica, onde o criador embeleza o ambiente do piloto com objectos que (apesar da exactidão ou não) não são necessários à simulação mas atraiem o olho e ajudam a vender o peixe com o detalhe.

Mais um exemplo: Faro do PPP e da Aerosoft. A equipe Portuguesa esmerou-se para criar um cenário que considero pertencente a classe REALISM. Pistas e taxiways correctas, edificios no local próprio, ILS e rádio-ajudas exactas e um mesh adequado. Do outro lado, temos um payware que coloca tudo, desde catering trucks a static aircraft mas que tem falhas a nivel da representação de alguns aspectos do aeroporto em si - falhas técnicas mas que o LANDSCAPE ajuda a alisar. Qual o cenário que utilizo? PPP, claro, tal como em Portugal inteiro. Não me interessa, como piloto IFR, ver a Torre de Belém ou os Jerónimos, mas interessa ter os pontos de referência das Pontes de Lisboa. Como piloto VFR, estarei por ventura interessado em obter um FS Roads ou ter um mesh correcto do terreno mas, afinal de contas, não é a Ponte D. Luis que me vai ajudar a aterrar um jetliner na 35 de LPPR mas sim o VOR PRT e poucos serão os pilotos que se incomodam muito se virem ou não a Ponte Vasco da Gama ou o Cristo Rei.

Por isso, a minha filosofia tem como base o REALISM - Obter os cenarios e add-ons que me permitirão obter o maior realismo de DENTRO do COCKPIT para FORA e não ao contrário. É claro que tenho cenários Payware - Eu também gosto de ver as mangas nos aeroportos e gosto de "companhia" ao meu lado quando encosto a uma gate. Mas se conseguir obter Bom Freeware, não considro justificado pagar pelo tal "pedaço de terra".

Bom, já divaguei muito e muito mais teria para dizer. Acho que entenderam o que eu quis dizer. Para o ano há mais. Bons voos ... e não gastem mal gasto!

quinta-feira, dezembro 16, 2004

FSInn ... or out?

Olá,

Há dias utilizei pela primeira vez o tão falado FSInn, o successor do SquawkBox para a VATSIM. Ou será? O Squawkbox exite já há muitos anos e já tem barbas no que toca a tecnologia utilizada para proporcionar o ambiente Multiplayer no FS. Há tempos, foi anunciado o lançamento "para breve" do SB3 que iria revolucionar a comunidade na forma como se ligaria á rede ATC mundial. Até agora ... Nada.

Entretanto, a equipe FDT desenvolveu o FSInn que, pelo pouco tempo que o utilizei, parece ser uma grande inovação - já nao temos que aturar os aviões CSL aos saltos pelas pistas e ceus virtuais, temos transições suaves e fácil instalação e utilização, sem recorrer a SBRelays, FSUIPC, etc. Estranho é que, ao que parece, a VATSIM continua a apostar no SB3 em vez de angariar esforços para por online este utilitário freeware. E até já anunciou que chegou a acordo para utilizar o FSInn na rede. Continua em testes beta ... mas ao que me lembro no antigamente, os beta testers eram os proprios pilotos e controladores da rede!

Porque não deixar cair definitivamente o SquawkBox e apontar armas para o FSInn que, pelos zum-zums, é infinitamente melhor que o SB3? Fico por vezes confuso com estas coisas ... afinal temos SB ou FSInn? Ou uma coisa ou outra!

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Trovas do Tempo que Passa

"Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
...

Mesmo na noite mais triste
em tempo de sevidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não."
in "Trovas do vento que passa" Poema de Manuel Alegre


Caros amigos e companheiros

Alguns eventos e conversas cibernaúticas nos últimos dias levam-me a reflectir de uma forma nostálgica sobre o nosso mundo FS. Por isso vou por em "holding pattern" a segunda parte do meu testamento sobre Add-ons e opinar um pouco sobre a história vivída pessoalmente e transformação que eu considero ter-se dado na comunidade desde que iniciei esta vida de simulação aérea nos anos 90.

Lembro-me de ter começado no FS a sério com o FS5.1 em 1995. Já tinha brincado com simuladores (FS1) num Apple em 1986 mas foi com o 5.1 que me iniciei defacto. Sozinho, com apenas um manual e umas cartas de Munich, Paris, Seattle e pouco mais lá fui aprendendo a voar com o Cessna e o Learjet - Jogando, porque era um jogo para mim tal como o Falcon e outros que existiam na altura. Apos alguns meses o "jogo" tornou-se em algo mais: Tendo já algumas horas de voo real como passageiro abordo de Boeings durante as minhas idas e vindas das Antípodas, o interesse aumentou e fui aprendendo cada vez mais com base nos poucos recursos que o nosso pais proporcionava em termos de bibliotecas e material de consulta. Payware - o que era isso? Add-ons, nem vê-los.

No Final de 1996 consegui comprar o FS95, a primeira versão do FS para o sistema operativo Windows e no ano seguinte o FS98. Regalei-me com a oportunidade de finalmente poder voar para qualquer aeroporto principal do mundo, com aviões de realismo espectacular e com a oportunidade de fazer download de novos aviões e cenários atravéz daquela coisa esquisita (na altura) chamada INTERNET.

Foi nesta altura que me agarrei definitivamente a este hobby e conheci amigos, a maioria dos quais me têem acompanhado até hoje. Após um periodo em que tinha de correr para o multibanco para carregar o meu cartão da Telepac quase todas as semanas, finalmente consegui instalar RDIS em casa e, ai sim! é que a ligação era rápida! Lembro-me dos dias da velha TAPVA (formada em 1997) e de novidades como SquawkBox e Procontroller na rede SATCO, em que se podia voar online em tempo real e se podia ser controlado - maravilhoso. Passei horas a fio a voar e a comunicar POR TEXTO a colegas que ia encontrando nesse mundo cibernautico como utilizar estas perolas. Recordo-me de uma noite quando demorámos três horas para colocar 8 individuos em rede, para depois no momento de voar a internet dar o berro e eu ficar a olhar para o monitor! Fartavamo-nos de divertir, trocar ideias e ensinamentos em torno deste hobby. Conheci através da internet dezenas de pessoas - algumas vinham e iam, outras ficavam.

Os Add-ons começavam a ganhar qualidade profissional com o FS2000 e a comunidade unia-se na net para trocar ensinamentos. Cartas de navegação, planos de voo e AOMs eram raros e a as diferentes organizações que se iniciaram trabalhavam arduamente para obter melhores condições e facilidades para os seus membros.

A TAPVA e a SATAVA eram então as duas VAs Portuguesas, ambas lideradas por pessoas de enorme espírito de sacrifício e de trabalho. Ambas partiram da carolice de uma pessoa que despendia o seu tempo e dinheiro para proporcionar uma sensação de realismo e profissionalismo a todos. Pilotos de uma companhia voavam na outra e ambos trocavam ideias. Os Portugueses eram dos mais activos na Europa da recem formada SATCO e o ano de 1999 trouxe o primeiro evento na Guarda: Foi a minha primeira grande oportunidade de conhecer os amigos "face to face"; uma alegria tremenda, mas que se tornou num ponto de viragem para mim. Vim a conhecer um outro lado da simulação aérea que até entao não pensava existir.

Foi após este encontro e os acontecimentos no final do mesmo que o mundo da simulação mudou para mim. Com uma populariedade de crescimento exponencial, a explosão de pilotos no ceu virtual (sim, porque na altura era "One Sky") introduziu outros conceitos na busca da perfeição na simulação e trouxe tambem ideias e personalidades diferentes. Assumi um cargo de responsabilidade na então TAPVA, posteriormente dissolvida; agarrei nos "restos" e juntamente com um grupo de companheiros criamos a TAP Virtual, sem chefes, sem directores, sem poleiros, mas com pessoas responsáveis pela transmissão de conhecimento e com o intuito-mor de manter a saudável convivência entre todos os membros da comunidade em geral, e entre instituições em particular, engrandecendo este grupo.

Bons amigos naqueles tempos, pessoas que me ajudaram e apoiaram pública e privadamente. Pedro Sousa (Fundador da SATAVA); Miguel "Kispo" Branco da Silva (Fundador do Portugal VACC); João Vareta, Telmo Nobre e Carlos Neto (Co-fundadores da TAP Virtual); Miguel Salgado, Manuel Florindo, entre outros. Todos deram o seu contributo para a comunidade FS do nosso Pais nos primórdios e a maioria continua por ai, mais ou menos activa. A mediatização do nosso hobby (que se tornou durante largos periodos em Jobby) iniciou-se com entrevistas no Expresso e Correio da Manhã e foi então que houve algumas alterações no comportamento de alguns sectores da nossa comunidade.

A certa altura iniciou-se uma radicalização de posições que, em retrospectiva, considero ter sido inevitável. (Nota: Após o periodo de transição em termos organizativos, afastei-me por um tempo do CE da TAP Virtual, afastamento talvez um pouco indelicado, dado que me afastei sem aviso prévio, deixando os restantes membros do CE livres para desencadearem as acções que considerassem apropriadas. A TAP Virtual tinha na altura se apresentado à companhia real por forma a obter apoio da mesma). A partir daqui (diga-se, do Guarda2000) gerou-se um clima da desconfiança entre instituições; porém, nem tudo foi negativo. Houve muita troca de ideias e clarificação de princípios no que toca ao que realmente deveria ser o caminho a precorrer pelos simmers Portugueses. Nos Portugal Airshows, nos Guardas, nos jantares, nos eventos online, houve por vezes a saudável concorrência e benifício para toda a comunidade, mas também houve a desconfiança, a má-lingua e o montar de barricadas.

Os jantares do VACC incorporaram-se como tradição e muito trabalho foi feito fruto de discussões tremendas entre elementos de diferentes quadrantes. Mas o ar da desconfiança tornou-se no terreno de guerrilha em muitos casos: cada um queria fazer as coisas à sua maneira e muitos eram intolerantes à mudança - A cada um assistia a sua razão mas geralmente isso não era suficiente para unir esforços e chegar a consenso para o bem comum. A comunidade, antes unida, fraccionou-se em facções diametricamente opostas. Anteriores amigos tornaram-se adversários e as instituições sofreram as consequências, o espelho de fraccionamentos exteriores também - a SATCO tornou-se VATSIM e um grupo de ex-membros da SATCO formou a IVAO. Gerou-se o desinteresse por parte dos novatos, e agudizou-se a luta pela supremacia da comunidade.

As mailing lists eram o campo de batalha dos exercitos fraticidas: uns proclamaram a mudança e a elevação ao mais alto nível da simulação de acordo com as suas ideologias revolucionárias; apoios externos das companhias reais, com ideias novas contra os ditos Velhos do Restelo que apenas olhavam para o seu umbigo e só pensavam no que poderiam extrair do "povo" em termos de glória, pseudo-cargos e pseudo-prestígio. Do outro lado a retaliação veio com a acusação da existência de organismos secretistas e auto-vangloriantes, roubo de ideias e acusando os adversários de se pavanearem quando de facto eram incompetentes e retrogados.

Assisti a tudo isto sentado em cima do muro da neutralidade (alguns acusaram-me entrelinhas de estar sentado na bancada do dualismo), tentando perceber onde isto nos levaria. Apesar de tudo e, recordando as palavras escritas ha dias pelo amigo José Oliveira, de certa forma gostava das longas noitadas passadas sem dormir e a discutir questões no RogerWilco enquanto se voava. Gostava dos almoços e jantares que juntava elementos para debater pontos de vista: pessoalmente trazia sempre mais conhecimento para casa do que levava para os encontros. Mas a pergunta mantem-se: Onde é que isto tudo nos levou?

Para vos ser franco, apenas tenho umas luzes para poder responder - cada um extrairá as suas conclusões. Mas, para responder em parte e ilustrar a minha opinião vou dar um exemplo: Air Luxor Virtual. Fruto de um grupo de pessoas que, na sua maioria, não foram expostas a estas tempestades históricas, são neste momento a VA mais bem organizada e produtiva da comunidade Portruguesa. Sendo apoiada pela companhia real, é no entanto livre da inércia causada pela bureaucracia que pesa sobre outras instituições FS Portuguesas. A ALV é a companhia que mais eventos promoveu para os seus pilotos este ano e mais publicidade atraiu. Sendo um grupo unido e coeso, sem preconceitos nem traumas de anteriores acontecimentos, fazem tudo em grupo e nao se apoiam apenas num único elemento para atingir o seu objectivo. Também não contém o peso morto da inactividade e é neste momento (das 3 VAs Portuguesas) a que mais pilotos "fornece" as redes mundiais de ATC. Quer a SATAVA, quer a TAPV, quer o Portugal VACC (para referir as mais cotadas) sofrem de anemia em termos de ideias e promoção do hobby. Seria bom que estas se injectassem de vontade (e talvez sangue novo) para mostrar de facto o que esta comunidade é capaz de fazer.

Quem ler isto pensara que será um anúncio para a ALV. Apesar de ser Piloto desta VA, não pretendo promover a ALV acima de qualquer outra - utilizo apenas o exemplo para comparar com as restantes instituições Portuguesas. E aqui vem o ponto fulcural da minha dissertação: Cansadas de lutarem entre si, a maioria das instituicoes de simulacao aerea em Portugal não têem folego para fazer o que de facto deveriam fazer - promover a Simulação, criar condições para a união dos seus membros e incentivar o ensinamento e a diversão. Talvez seja o caso de a ALV ser uma organização relativamente nova, mas creio que poderá ser um exemplo do que fazer no futuro para a nossa comunidade prosperar cada vez mais. Neste momento, chegou-se a um ponto de "rame-rame", novamente plagiando o Zé. Cada um vai fazendo a sua coisa mas as forças não parecem ser muitas.

Daí a introdução a este tema: O poema celebrizado em canto pelo Adriano Correia de Oliveira. O vento dos ceus virtuais Portugueses calam de facto a desgraça - Tem que haver alguem que resista ao rame-rame, alguem que resista!

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Revista de Imprensa - 10/12/2004

Good Afternoon comrades,

Aqui vai a minha primeira revista de imprensa. Esta e a MINHA revista: o que eu li, o que pensei e achei interessante nestes ultimos tempos. De forma alguma sera uma revista global do que se passa no nosso mundo Portugues do FS em termos de Foruns ou artigos. E simplesmente um apanhado das minhas pesquisas.

Comecando pelos Foruns. Sao tres os Foruns Nacionais que visito (em ordem alphabetica): Air Luxor Virtual, Airsim, e TAP Virtual, isto dado a minha afinidade com cada um deles por diversas razoes. O Forum da Airluxor Virtual foi objecto de algumas questoes tecnicas por parte dos seus membros (Frota A320) sobre procedimentos da companhia, respondidas pelo Piloto REAL Tiago Simoes, da Air Luxor. O Tiago e um amigo de longa data desde dos primordios da minha vida FS e foi bom reencontra-lo no mister em que ele tanto quis singrar. Houve espaco para conversa sobre o Jantar de Natal da ALV e tambem para ler as peripecias de um colega nas suas viagens pelo Oriente com o seu A320.

No Forum do Airsim, tenho vindo a acompanhar com algum interesse o topico "FS2006" onde alguns colegas vao expressando o que mais desejem incluido na proxima versao do nosso querido Simulador. Quanto a TAP Virtual, no seu Forum apareceu o anuncio de repaints para a Frota A310 (Na seccao "Longo Curso").

Visitando os principais sites Portugueses (para mim pelo menos), chamou-me a atencao 2 artigos postados no Airsim: primeiro, o Review do cenario de Faro construido pela Aerosoft; segundo o artigo Real e Virtual, quais as diferencas? O primeiro porque vai de encontro ao que escrevi no primeiro blog sobre Payware e que completarei em breve. O segundo, apesar de ser em Ingles, mostra-nos ate que ponto a simulacao vai de encontro ao real (no caso GA) e como nos podera ajudar na compreensao e precepcao das condicoes de voo bem como na instrucao de procedimentos. Dada a minha ligacao em tempos a Marinha, tambem fiquei interessado no sextante aeronautico - sera que funciona mesmo? Vamos ver este fim de semana.

Como leitura avulsa esta semana, nao fui alem da Biblia - Isto e, o Manual de Operacoes do Airbus A320, disponivel no site da Air Luxor Virtual. Ainda nem passei de um decimo (!) da documentacao mas ja aprendi algumas coisas que nao sabia antes de pegar no Manual. Recomendo vivamente a todos os colegas interessados na "Certificacao Virtual" do A320. O saber nunca ocupa lugar!

Ate a proxima e bons Voos a todos ...

sexta-feira, dezembro 03, 2004

Rain Repellent: What the .... ?

Olá caros colegas,

Estava eu aqui a estudar o Evangelho segundo Airbus - vulgo FCOM A320 - para passar o tempo num voo entre Santorini e Toulouse, quando me deparei com a nota seguinte:

CAUTION: Never use rain repellent to wash the windshield and never use it on a dry windshield.

Que raio será isto do "repelente de chuva"? Lembrei-me do botãozito no overhead do meu A320 (que só faz CLICK!). Depois de uma troca de impressões com o meu amigalhaço Jorge Diogo, chegámos à teoria que deveria ser algum líquido que seria aplicado aos vidros do cockpit. Decidi "Google-ar" a questão ...

De facto, o rain repellent é um produto designado como "hidrofóbico" que, quando aplicado no vidro (tal e qual o lava-vidros no carro), modifica a tensão de superfície e permite que a água escorra rapidamente do vidro da aeronave, aumentando assim a visibilidade do piloto em condições de chuva intensa. Infelizmente, o composto químico repelente utilizado inicialmente era um CFC (agente que ataca a camada de Ozono da atmosfera) e a Airbus em 1996 ordenou a desactivação deste sistema em todas as suas aeronaves.

No entanto, a empresa continuou a incorporar o sistema base nos aviões para uso futuro e efectuou pesquisa para o desenvolvimento de um produto adequado que cumprisse com as especificações ambientais internacionais. Outra solução é o tratamento dos proprios parabrisas com uma camada protectora hidrofóbica.

Para mais informaçõees, nada como ler um artigo produzido pela propria Airbus em 1998:

www.airbus.com/pdf/customer/fast23/p18to23.pdf

... E esta, hein?

quarta-feira, dezembro 01, 2004

To Pay or not to Pay, that is the question: Part I

"To be or not to be, That is the question:
Whether t'is nobler in the mind to suffer
The slings and arrows of outrageous fortune,
Or to take arms against a sea of troubles,
And by opposing, end them?"
in Hamlet, de William Shakespeare

Permitam-me iniciar este meu primeiro artigo de opiniao com um trecho do meu Poeta Anglofono preferido. Parafraseando (ou mesmo plagiando) o "Bardo", defrontamo-nos muitas vezes com um dilema no nosso mundo virtual: Payware versus Freeware. Sera que os cenarios, pacotes de aeronaves e utilitarios que aparecem diariamente nos sites do costume valem a pena quando comparados com o melhor freeware que existe por ai? Serao demasiado caros para a mais (ou menos) valia que representam; ou sera que sao apenas consequencias naturais da expansao da sociedade materialista que nos rodeia em todos os aspectos da nossa vida, onde o valor do "Dollar" se sobrepoe ao valor comunitario e de entre-ajuda que existia nos primordios do FS?

A primeira questao que coloco e a qualidade, esse aspecto tao aparentemente quantificavel mas ao mesmo tempo um tanto subjectivo. Ha bons e maus artistas, existem bons e maus arquitectos; Alguns grupos aparecem num projecto para desaparecerem depois enquanto outros sao ja nomes sonantes no Mundo da Simulacao. Alguns projectos comerciais tentam demarcar-se do suposto "marasmo" restante ao afirmarem que sao "as real as it gets", que foram testados completamente antes de serem lancados, um processo que supostamente culminou num add-on de mais valia incalculavel. Porem, ao serem distribuidos, estes pacotes revelam deficiencias por vezes tao gritantes que so apos multiplos patches e service packs (se existirem) poderao vir a atingir (ainda assim parcialmente) o objectivo pretendido. Em contrapartida, pacotes Freeware revelam-se por vezes verdadeiras perolas para a comunidade: com realismo impar e pormenores que nos supreendem para o software gratis, podem nao ter os "bells and whistles" (sinos e apitos, vulgo mariquices em Portugues) que o software comercial tem mas atingem o seu objectivo de forma inequivoca.

No caso Payware e em termos gerais, parece-me que existe uma mentalidade de lancar o produto o mais rapidamente possivel de modo a atingir os objectivos comerciais a que se propoem, em vez de se preocuparem em atingir objectivos de mais valia para a comunidade em geral e de realismo para a simulacao em particular. O que importa ter 200 repaints de um aviao (quer a pagantes, quer de borla) no lancamento de um Airbus ou Boeing se o FMS enterra-se cada vez que tentamos alterar um perna da rota? Que vale termos GPUs, reboques e Follow-me num cenario de um aeroporto qualquer, se o mesmo nao tem correctamente representadas a taxiways, runways, ILS, frequencias, etc? Depois la veem as horas gastas nos Foruns a tentar resolver as questoes e os MB gastos em download de updates - Se me derem a opcao de ler 30 emails para tentar perceber como fazer desaparecer o Flicker do painel X ou ler 100 emails para perceber como fazer uma aterragem sem instrumentos no aeroporto Y, e obvio para mim qual a escolha.

Existe uma tendencia que me preocupa. Indiquem-me um cenario para o FS2004 da regiao Britanica (aeroportos principais) que nao seja payware. Mostrem-me uma painel funcional e realista freeware para um 737 ou um 320. Uma rapida pesquisa na AVSIM indica 2 zips para o Painel do A320, enquanto que a Flightsim.com indica 1 unico. Efectuando pesquisas semelhantes aos 3 principais aeroportos de Londres indica que ninguem se aventurou a efectuar um cenario freeware de circulacao macica para os mesmos. Porque esta situacao, quando ha uns anos atras voavamos com freeware de excelente qualidade para a epoca e tecnologia existente?

Lembro-me do primeiro grande freeware que descarreguei da internet - o Painel B757 do Eric Ernst. Para a altura, foi (e a meu ver continua a ser) o MELHOR painel jamais feito para o FS, qualquer versao (em termos de usufruto das capacidades do simulador). Os meses que o Eric e seus companheiros arduamente trabalharam para apresentarem um prodigio de programacao e realismo foi compensado por ataques feitos ao seu software na forma de plagio e copia directa do painel, para posterior distribuicao comercial. Foi o primeiro caso gritante de falta de caracter no mundo FS. Isto leva-me ao ponto seguinte do meu raciocinio e a resposta a pergunta "Porque?": Por vezes, o que ha de melhor na nossa comunidade e ultrajado por individuos sem principios que tentam ganhar com o trabalho dos outros. Atraves do "repackaging" em pseudo-anonimato, da copia de ideias e objectos, ha quem faz dinheiro do trabalho dos verdadeiros artistas que exposeram o seu trabalho gratuitamente para usufruto de todos. E assim os designers Freeware, a pouco e pouco, vao se transformando em designers Payware com a logica correcta de "se os outros andam a ganhar dinheiro do meu trabalho, entao raios! eu que o faca tambem".

Por isso cada vez menos se encontra projectos competentes freeware e cada vez mais os autores se protejem solicitando ao utilizador que se registe (caso do FSUIPC), ou mesmo que compre o seu produto por modicas quantias de modo a contrapor a sabotagem por parte daqueles que se tentam aproveitar.

O que me arrelia mais no entanto, e o custo destes paywares. Software como o ActiveSky e FSUIPC justificam o custo pela mais valia qua trazem a experiencia TOTAL de voo virtual. O FSUIPC e ate agora o add-on mais importante em termos de impacto que o FS ja conheceu. Porem, pelo acima exposto, Pete Dawson viu-se obrigado a colocar um travao no abuso do seu trabalho; ao mesmo tempo teve uma poltica de actualizacao do seu produto de modo a que o utilizador nao tenha de pagar cada vez que sai uma versao nova. O mesmo com o FSMETEO e o ActiveSky, para referir apenas alguns outros. Agora, ter que pagar X por um pacote para o aviao, depois Y pelo upgrade com mais algumas mariquices e patches que deveriam estar no produto original, e depois ainda prever pagar Z quando sair uma nova versao para o FS2006 e demais!

E os cenarios? Como referiu um companheiro num forum Portugues, pagar $$ pelo FS e depois ter que pagar $$$$ por um "pedaco de terra" de qualidade muitas vezes duvidosa e tentar enganar o povo. A MS lancou o FS com codigo aberto, permitindo adicionar ao conjunto. Sera que isso continuara nos presentes moldes, ou sera que a MS nao veja tambem a oportunidade de ganhar algum, sujeitando os autores a um pagamento pelo uso do codigo? E depois onde ficamos?

Por hoje e tudo ... Para a semana continuarei com a minha lamuria na segunda parte deste tema onde falarei de um ponto importante para mim, especialmente no que toca a producao de cenarios: REALISMO vs LANDSCAPE.

Ate la, comentarios sao benvindos (com ou sem acentos) ...